sexta-feira, 31 de outubro de 2014

HISTORIA DE AMOR



   * O amor, amor mesmo, é uma sorte que se honra, uma escolha em que se aposta diariamente, o amor é algo que nasce e frutifica *

                                                      HISTÓRIA  DE  AMOR

   Você vive um amor ou uma história de amor?
   Tem diferença, sim. Um amor é a realização plena de um sentimento recíproco. Passa por alguns ajustes, negociações, mas desliza.  Pode perder velocidade aqui, ganhar ali, mas não é interrompido pelas dúvidas, não incentiva a entrada de terceiros, tem a consistência das coisas íntegras, duraveis.
O amor, amor mesmo é uma sorte que se honra, uma escolha em que se aposta diariamente, o amor é algo que nasce e frutifica.
   Já uma história de amor é, como diz o termo, uma invenção. Algo para ser contado ao analista, desabafado para os amigos, uma narrativa chorosa e trágica, um acontecimento beirando o  folclórico,  um material bruto pedindo para ser transformado em obra de arte. Toda hotória de amor está impregnada de  obstáculos que lhe conferem um status de ficção.
   Amor proibido pela familia, rejeitado pela sociedade, condenado por preconceitos, amor que exige fugir de casa, pegar em armas, trocar de indentidade: virou história de amor. Perde-se um tempo enorme roteirizando o dia seguinte. Se fosse amor,  simplesmente amor, o dia seguinte amanheceria pronto.
   Amor que coleciona mais brigas que beijos, mais discussões que declarações, mais rendições que entrega: virou história de amor. Pode subir aos palcos, transormar-se em filme, faturar bilheteria: tem enredo. Mas não tem continuidade. Sai de cartaz rapidinho.  
   Amor que sorbrevive à distância, que se mantem através de cartas e telefonemas ( permita-me  a nostalgia, sobreviver pelo WhatsApp, não combina com literatura ),  o amor sem parceria, sem corpo presente, o amor que não se pratica, que não se lubrifica, que enferruja por  falta de uso: virou hostória de amor. Sofrido como pedem os poemas, até o dia em que a ausência do outro deixa de ser um ingrediente pitoresco e você descobre que cansou  de dormir sozinha.
   Amor que exige insistência, peristência, paciência: virou história de amor. Se fosse amor, nada além de amor, navegaria em águas mais tranquilas, não exigiria tanto de seus protagonistas, o entedimento seria instantâneo, sem exagero de empenho, desgaste, sofrimento. Aff.
   Histórias de amor são fantásticas na primeira parte, tiram o ar, movimentam a vida, mas da segunda parte em diante viram teimosia dos autores, que relutam em colocar o ponto final na saga que eles próprios criaram.
   Amor ou história de amor, o que se prefere? Mas um dia  a gente cresce e a fantasia cede lugar à sensatez: uma amor, apenas amor, está de bom tamanho.

                                                                                                     MARTHA  MEDEIROS

domingo, 25 de maio de 2014

QUANTA FELICIDADE EU AGUENTO?



    * Te desejo toda felicidade que puder aguentar *  Foi com esta f rase que uma pessoa que gosta de mim encerrou seu e-mail, e fiquei petrificada diante do computador, um pouco pela explosão de gentileza de alguém que nem conheço, e outro tanto pela contundência que me fez pensar: quanta felicidade eu aguento?
       Desde que lancei um livro com a palavra  *feliz* no título ( a coletânea de crônicas *Feliz por nada*, de 2011 ) que respondo até hoje a uma infinidade de entrevistas com esse monte: o que é afinal, ser feliz?
    Bom, quando estou triste, estou feliz. Não sei se isso responde.
    Felicidade não tem a ver com oba-oba, riso frouxo, vida ganha. Isso é alegria, que também é ótima, mas que não tem a profundidade de uma felicidade genuína  que engloba não só a alegria como a tristeza também. Felicidade é ter consciência de que estar apto para o sentimento é um privilégio, e que quando estou melancólica, nostálgica, introvertida, decepcionada, isso também é uma conexão com o mundo, isso também traz evolução, aprendizado.
    Feliz de quem cresce. Mesmo aos trancos.
    Infelicidade, ao contrário, é inércia. A pessoa pode passar a vida inteira sem ter sofrido nada de relevante, nenhuma dor aguda, mas atravessa os dias sem entusiasmo, anestesiada pelo lugar comum, paralisada por seu próprio olhar crítica, que julga os outros sem nenhuma condescendência. Para ela, todos são fracos, desajustados ou incompetentes, e não sobra afetividade nem para si mesma: se está sozinha ou acompanhada, tanto faz. Se há a expectativa de uma festa ou a iminência de uma indiada, tanto faz. Essa indiferença em relação ao que os dias oferecem é uma morte que respira, mas,  ainda assim, uma morte.
    Eu reajo, eu me movo, eu procuro, eu arrisco - essa perseguição a algo que nem sei se existe é uma homenagem que presto à  minha biografia. Nada me amortece, tudo me liga,  tanto aquilo que dá certo como também o que dá errado. Felicidade é uma palavrinha enjoada que remete só ao bom, mas dou a ela outro significdo: é uma inclinação abrangente e  corajosa pra a vida,  que nunca é só boa.
    Já a infelicidade é uma blindagem contra o encantamento, é negar-se a  extrair das  miudezas o mesmo feitiço que as grandezas proporcionam.  Eu celebro o suco da laranja matinal, o telefonema de uma amiga, a saudade que eu sinto de algumas pessoas, o sol caindo no horizonte, a luz que entra pela janela do quarto ao amanhecer, a música que escuto solitária e que me remete a uma inocência que já tive - e que pelo visto ainda tenho. Celebro o já vivido e o  que está por vir, as risadas compartilhadas e o choro silencioso, e todas as perguntas que um dia talvez sejam respondidas.
    Como esta: quanta felicidade eu aguento? Não sei. Que venha. Recusa-la é que não vou.


                                                                                   MARTHA  MEDEIROS

CHEGANDO O INVERNO EIS UM COLETE DE LÃ DE CROCHÊ E CHAPEUZINHO DE TRICÔ COM ABA DE CROCHÊ


quinta-feira, 22 de maio de 2014

COMO É GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ!



PRA VOCÊ DÉLIO



    Se mais vidas houvesse pra viver!
    Noutras vidas eu ainda te amaria...
    Não há em mim outro maior querer
    Porque sem esse querer pereceria...
    Mas, não te sintas refém dessa vontade
    Que faz de ti mais que minha metade,
    Quase a totalidade do que sou!
    Esqueça este peso que te quero impor
    Da-te só por amor e com amor!
    E aceite inteira a vida que te dei!

                                                              Laura... te AMO desde sempre!

                                                                                           Maio de 2014 aos 83 anos


terça-feira, 20 de maio de 2014

O RELOGIO DA VIDA



    O relógio da vida recebe cordas apenas uma vez e nenhum homem tem o poder de decidir quando os ponteiros irão parar  se mais cedo ou mais tarde. Agora é o único tempo que vc  possui! Viva, ame, trabalhe com vontade. Não ponha nenhuma esperança no tempo, pois o relógio pode parar a qualquer momento!... Viva feliz o dia de hoje! com amor e alegria!

FIOS! MUITOS FIOS! DAI SAI OS TRABALHOS...


ALMOFADAS DE CROCHÊ DE LINHA




A TORRADA QUEIMADA



    Quando eu ainda era um menino, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho duro.
    Naquela noite distante, minha mãe colocou um copo com leite  e um prato com torradas bastante queimadas, para o meu pai. Eu me lembro de  ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe, e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola.
    Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada pedaço.
    Quando eu deixei  a  mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por ter queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse: Amor, eu adoro torrada queimada.
    Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele realmente gostava de torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e disse:
    Filho, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém! A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor cozinheiro do mundo.
    O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, relevando as diferenças ente uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. E essa lição serve pra qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos e amigos...

CAMISETA DA COPA



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A MELHOR DEFINIÇÃO DE AFINIDADE



    A finidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois.
    A afinidde não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É  mais independente também. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades...
    Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
    Ter afinidade é muito raro, mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, erradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
    Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que  impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
    Não é sentir contra... nem sentir para... nem sentir por... nem sentir pelo...
    Afinidade é sentir com. Sentir com é não ter necessidde de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber... É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenar afirmar.
    Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar  no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
    Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação  nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.  

                                                                                Artur da Távola


   

BLUSA DE TRICÔ